Ótimas perspectivas na prevenção da Bronquiolite: um novo capítulo com avanços promissores em vacinas

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O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções graves respiratórias em crianças de até 2 anos de idade e em idosos, podendo provocar a bronquiolite, pneumonia e até ser fatal nos casos mais graves.

Mas o que é bronquiolite?

A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, que são as pequenas vias aéreas que levam o ar aos alvéolos pulmonares. A bronquiolite causa tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar e falta de ar. Em alguns casos, pode haver febre, desidratação e cianose (coloração azulada da pele e das mucosas). A bronquiolite é mais comum em bebês menores de 6 meses de idade, mas pode afetar crianças maiores e até adultos.

A bronquiolite é uma doença contagiosa que se transmite por contato direto com as secreções respiratórias ou por gotículas de saliva no ar. Não existe um tratamento específico para a bronquiolite, apenas medidas de suporte, como hidratação, oxigenoterapia, fisioterapia respiratória e, em alguns casos, uso de medicamentos para aliviar os sintomas. A maioria dos casos se resolve em uma ou duas semanas, mas algumas crianças podem ter sequelas pulmonares ou maior risco de desenvolver asma no futuro.

E o VSR em idosos?

O VSR é responsável por cerca de 10% das pneumonias em idosos e pode levar a complicações graves, como insuficiência respiratória e cardíaca. Os sintomas mais comuns são febre, tosse, coriza, falta de ar e chiado no peito. Em alguns casos, pode haver também dor de garganta, dor de cabeça, perda de apetite e fadiga.

A boa notícia é que recentemente o FDA, a agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou duas novas medicações para prevenir o VSR:

E o nirsevimabe, um anticorpo monoclonal com proteção prolongada contra o VSR em bebês

Uma vacina para maiores de 60 anos

A vacina da GSK é a primeira vacina contra o VSR aprovada no mundo e é indicada para pessoas com mais de 60 anos de idade. Ela é aplicada em dose única por via intramuscular e tem uma eficácia de mais de 80% na prevenção da doença do trato respiratório inferior por VSR. Juntamente com as vacinas para gripe, COVID-19 e doença pneumocócica já disponíveis para uso, essa nova vacina aumenta nosso arsenal de proteção contra doenças respiratórias.

O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal que se liga ao VSR e impede sua entrada nas células. Ele é indicado para bebês saudáveis com três meses ou mais de idade que tenham alto risco de infecção grave por VSR. Ele é administrado em dose única por via intravenosa e tem uma eficácia de mais de 70% na prevenção da hospitalização por VSR.

No Brasil, já utilizamos o palivizumab para a prevenção da doença por VSR em pacientes pediátricos de alto risco (prematuros, cardiopatas e pneumopatas). Ele é administrado por via intramuscular, uma vez por mês, durante os períodos de maior circulação do vírus na comunidade. O palivizumab demonstrou reduzir a incidência e a gravidade da doença por VSR em crianças prematuras e com displasia broncopulmonar. Já o niverimab tem como vantagem potencial uma maior afinidade pelo VSR e uma meia-vida mais longa, o que permite uma administração menos frequente e por via subcutânea (1x por ano).

As perspectivas não param por aqui.

O laboratório Pfizer também está desenvolvendo uma vacina contra o VSR. A proposta da Pfizer é de vacinar mulheres no fim da gravidez, entre 24 semanas e 36 semanas, para que elas desenvolvam anticorpos contra o VSR que passem pela placenta até chegar ao bebê. Isso pode ter um grande impacto na prevenção da bronquiolite e outras doenças causadas pelo VSR em recém-nascidos e se soma a outras vacinas que já fazem parte das recomendações para gestantes.

O imunizante da Pfizer já foi submetido ao processo de aprovação da FDA e é possível que a vacina contra o VSR esteja disponível no mercado americano ainda em 2023.

Essas novas medicações representam um avanço na prevenção do VSR e podem beneficiar milhões de pessoas que sofrem com esse vírus todos os anos. No entanto, elas ainda não estão disponíveis no Brasil e precisam passar pela avaliação da Anvisa antes de serem incorporadas ao SUS ou à rede privada.

Outras medidas já conhecidas e disponíveis são muito importantes para a prevenção do VSR e outros vírus respiratórios:

– Evitar o contato com pessoas doentes ou com sintomas respiratórios;
– Higienizar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool gel;
– Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar;
– Limpar e desinfetar superfícies e objetos que possam estar contaminados;
– Manter uma boa hidratação e alimentação;
– Evitar aglomerações e ambientes fechados;
– Manter as vacinas em dia, especialmente contra a gripe e o pneumococo.

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